segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Velho Mendigo

Um velho homem maltrapilho, sujo e magro, sentado na calçada de uma esquina, observava os clientes que entravam e saíam de uma padaria, que ficava a uns dez passos do lugar onde se assentava. Com suas sacolinhas recheadas de pães, bolos, biscoitos e todas as delícias que aquela padaria oferecia, os clientes passavam e, alheios ao faminto observador, nem sequer notavam a presença do pobre homem a lhes estender as mãos em sinal de pedido de uma esmola ou ao menos um pãozinho daquelas sacolas recheadas de guloseimas.
Todos os dias o velho mendigo se assentava no mesmo lugar e observava a mesma padaria e pedia aos mesmos clientes que por ali passavam carregando suas sacolinhas recheadas. No entanto, a mesma resposta recebia todos os dias: o silêncio, a indiferença, o descaso.
Um dia, cansado daquela rotina, com fome e sem nenhuma esperança de conseguir algo daquelas pessoas que por ali passavam, o mendigo sentou-se na esquina mais uma vez, mas desta vez não fez questão de olhar para as sacolas recheadas ou de estender sua mão em sinal de pedido. Simplesmente sentou-se e ali mesmo ficou para ver o dia passar.
O dia transcorreu como todos os outros: se alimentando da indiferença social tendo o desprezo como prato principal. Quando o sol já não mais brilhava intenso sobre o céu e a escuridão da noite já vinha para tomar seu lugar, o mendigo viu o último cliente sair da padaria: um menino de mais ou menos 7 anos, seguido do dono do comércio que fechou a porta do estabelecimento e se foi. No entanto, o último cliente ainda estava ali, parado em frente à padaria com uma pequena sacola na mão e um bloco de notas onde escreveu algumas palavras. Destacou a folhinha, dobrou, colocou na sacola e caminhou em direção ao velho. Chegando perto do mendigo, o pequeno cliente estendeu a sacola ao homem, deu-lhe um belo sorriso, uma boa noite, senhor. Como vai? Jesus te ama." e partiu.
O mendigo, acostumado com o descaso, nada entendeu. Porém, não se preocupou em saber a resposta, tratou logo de abrir a sacola. Lá dentro, enrolado num guardanapo, um belo e grande pedaço de bolo recheado, um salgado e, por cima de tudo, a folhinha do bloco de notas em que a criança escrevia algo depois que saiu da padaria. Curioso por saber o que tanto o menino escrevia aquela hora na folhinha, o mendigo resolveu abrir de uma vez o papel e matar sua curiosidade. Lá, a seguinte mensagem: "Boa noite, senhor. Como vai? Desculpe incomodar o senhor a esta hora, pois imagino quanto tempo o senhor passou nesta esquina esperando que alguém olhasse pra você e lhe ajudasse com algo para comer. Este pedaço de bolo e este salgado são um presente meu para o senhor. Sei que não é grande coisa, mas foi aquilo que meu dinheiro deu para comprar. Tenho apenas 7 anos e ainda não trabalho. Por isso, tive que fazer alguns serviços rápidos com meu tio, para economizar uma grana para comprar esse pedaço de bolo e esse salgado que há meses, quando soube do sucesso da padaria, queria comprar para experimentar e hoje, especialmente, acordei com uma vontade enorme de experimentar.
Quando cheguei na padaria, havia apenas 1 pedaço do bolo e 1 salgado, pois quase tudo já havia acabado e o dono já queria fechar o comércio. Mas quando saí e vi o senhor sentado nessa esquina, me pareceu que tinhas tanta fome e mesmo que me doeu, resolvi dar o meu lanche pro senhor. Espero que goste, porque eu sei que eu iria gostar muito, mas algo falou em meu coração, mais forte que a minha vontade e tive que dar isso pro senhor. “Espero que isso tenha feito seu dia melhor.” O mendigo, emocionado, guardou o bilhete e pôs-se a comer com vontade aquilo que o garoto havia lhe dado. Depois desse dia, a indiferença dos outros clientes não mais o incomodou, porque sabia que, em algum lugar, alguém se importou com aquele velho e se importou em tornar o seu dia melhor. Melhor que o sabor do alimento que ganhou aquele dia, foi o sabor da gratidão e do reconhecimento que há muito não sentia mais e a atitude daquela criança trouxe de volta esse paladar à sua boca.
"Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. "Mateus 5:42
“Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desamparados? que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará. e a tua justiça irá adiante de ti; e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares o aflito; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio dia. O Senhor te guiará continuamente, e te fartará até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca falham.” Isaías 58:7-11

2 comentários:

  1. Mt lindo , me lembrei de uma história que aconteceu comigo ; porém eu nao tive a atitude de um cristão [/na epoca eu não era]. essa atitude contraria me corroeu o dia inteiro ; :/

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  2. Mas agora vc tem a oportunidade de mudar de atitude. Deixe Deus te moldar Ítalo. *-*

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